A Playlist da Minha Vida

Jon P. Kopaloff/Getty Images
Em parceria com
Sportingbet

Sou campeão mundial do Pride e do UFC. Tudo o que eu tenho na minha vida eu devo a Deus e à luta.

Mas tem outra coisa que preciso contar. As pessoas não acreditam, mas eu sou um cara romântico. 

Gosto de escutar músicas dos anos 1970 e 1980, tipo Bee Gees. Ouço as letras e já começo a visualizar a vitória. As pessoas não entendem, mas essas músicas me acalmam e me motivam. 

Por isso, resolvi aqui dividir algumas delas — e também alguns momentos marcantes da minha vida — com vocês. Ah, se quiser ouvir minha playlist toda, é só clicar aqui.



VIVO MINHA VIDA POR VOCÊ

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Meu pai era contra meus irmãos e eu lutarmos porque tinha o sonho de ver os três filhos trabalharem com ele. Só que nenhum de nós queria isso, na verdade — eu fui o único que viajei com ele durante um ano, nesse trabalho como representante de vendas da loja de esportes que ele tinha.

A gente morava em Curitiba, mas ficava de segunda a sexta rodando o estado de Santa Catarina. Em toda cidade que a gente parava, eu ia atrás de academia de jiu-jitsu, de muay thai. Dizia que queria fazer uma aula experimental só para poder treinar. Ou parava no hotel, às vezes na beira da estrada, e ia correr na rodovia.

Quando meu irmão, o Murilo Ninja, começou só a treinar e a lutar, meu pai ficou contrariado. Mas eu entendo ele. Naquela época, tinha muito preconceito com o esporte. Não dava dinheiro, não tinha visibilidade, não tinha reconhecimento. 

Eu enfrentava até o preconceito dos pais das minhas namoradas quando comecei no esporte: “Pô, mas você está namorando um lutador? Fala pra ele arrumar um trabalho”.

Chegou uma hora que não aguentei mais e falei: “Pai, não é trabalhar com você que eu quero. Eu vou lutar”. E ele aceitou. Voltei para Curitiba e foi lá que eu me dediquei à luta 100%. Era por aquilo que eu viveria.

Como eu ia treinar com o quimono que meu pai vendia, da marca Shogun, e meu irmão já era o Ninja, decidiram na academia meu apelido. Assim eu virei o Shogun.

VOCÊ É BONITO

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Quando eu tinha 17, 18 anos, estava numa feira, com um amigo meu, e tinha um cara me olhando. Achei estranho ele me encarar tanto. Mas ele veio até mim e falou que era um booker, que agenciava modelos, e queria que eu fizesse um book na agência dele porque achava que eu tinha perfil. 

Achei que o cara queria arrancar dinheiro, peguei o cartão dele e nem dei bola, deixei no meu carro. Uns dias depois, comentei com a minha mãe. E ela sempre me apoiou a fazer o que eu quisesse, mas preferia que eu fosse modelo, lógico, e não que lutasse. E me falou para telefonar pra ele, porque não tinha nada a perder.

Liguei e perguntei se aquele negócio de fazer book teria algum custo e ele disse que não, que a empresa me pagaria tudo. Minha mãe começou a me encher o saco e acabei indo na empresa e montei o book.

Mauricio Shogun Rua lutador MMA
Pedro Bodick/The Players' Tribune

Fiquei impressionado porque começou a aparecer muito trabalho. Me chamaram pro Crystal Fashion, que na época era o maior desfile do Paraná. Chamaram também pro Gold Fashion, que tinha só dois homens desfilando e mais 40 mulheres. Depois comecei a fazer campanhas grandes para marcas como a Carmin, a Mr. Officer. 

Eu ia fazendo isso e treinando, conciliando com modelagem. Mas, sinceramente, eu não gostava. E graças a Deus eu comecei a ganhar as lutas, porque, quando tive que escolher um dos trabalhos, escolhi lutar. 

NÃO DEIXE DE ACREDITAR

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Comecei no muay thai com 13 anos e, com 16, fui para o jiu-jitsu. Eu já treinava o dia inteiro quando meu irmão começou a lutar no Japão e a despontar. Eu não fazia MMA ainda, mas então ele me convidou.

Na academia, eu fazia parte do pessoal da caixa-baixa, os mais novos. Só que eu era o único guri novo que treinava com os profissionais: o Pelé Landy, o Wanderlei Silva, o meu irmão, o Assuério Silva.

Enfrentei esse pessoal todo, e sabia que ia ser uma barra difícil, mas tinha muita vontade de estrear no MMA. Esse era o meu maior sonho. Depois de um ano treinando na Chute Boxe, fui escalado para lutar o Meca World Vale-Tudo. 

Foi a maior alegria do mundo, porque tinha 100, 200 pessoas na Chute Boxe, e eu fui um dos escalados. Os mestres Rudimar Fedrigo e Rafael Cordeiro botaram fé em mim.

O Meca 7 era minha estreia, mas, para mim, já foi uma grande vitória — e uma grande realização pessoal também. 

O mestre Rudimar, que era quem organizava o Meca, me escalou contra um cara experiente, o Rafael Capoeira, já graduado na capoeira, no jiu-jitsu e no muay thai. A gente tinha alguns amigos em comum e eu sabia que ele era muito briguento, um cara duro. 

Aconteceu uma coisa engraçada antes dessa luta. Eu tinha 19 anos e ele já era maduro, tinha uns 30, quase. Depois da pesagem, ele chamou o Rudimar, que também era o meu empresário, e falou:

— Ô, Rudimar, me diz uma coisa: vai ter problema bater nesse moleque aí? Os irmãos dele, o Wanderlei, os caras não vão querer bater em mim se eu bater nele?

— Não, não, fica tranquilo. Pode arrebentar ele, não vai ter problema algum — foi o que o Rudimar respondeu. 

Ele ser um cara briguento me motivou, porque eu acho que o nosso esporte já sofria muito preconceito. Se a gente briga na rua, não vai conseguir mudar a nossa imagem. E me insultou ele ser assim. 

Minha estreia foi uma luta movimentada. Na hora que senti que ele cansou um pouco, o meu gás dobrou e consegui o nocaute. Foi um caminhão de glórias.

QUE SENSAÇÃO

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Em 2003, o Pride, no Japão, era o grande evento do mundo. Era o que mais pagava, o mais famoso, o que tinha a melhor organização. Todos os lutadores almejavam o Pride. 

Eu consegui três vitórias muito boas no Meca 7, 8 e 9, que foram três nocautes no primeiro round. Fui para o IFL, nos Estados Unidos, e consegui também uma vitória boa. E então o Pride me chamou. 

Aquele foi outro sonho realizado, né? Lembro que tive a mesma sensação da minha estreia. E estreei lá com o pé direito, com um nocaute no primeiro round. 

O Pride era uma loucura. Um evento lotado e todos em silêncio, admirando a arte marcial. A luta, no Japão, é cultural, vem dos samurais. Se a luta está no chão, eles estão aplaudindo, olhando. Em outros países, o pessoal já começa a vaiar, porque quer ver porradaria, quer ver sangue. 

O Japão é um país pelo qual tenho muito carinho. É um país que me acolheu. E eu até brincava com o pessoal quando a gente ia pra lá, falando que aquela seria nossa semana de popstar.

Mauricio Shogun The Players Tribune
Pedro Bodick

No Brasil não tinha esse reconhecimento. E eu chegava no Japão e, no aeroporto, muitos fãs já me esperavam com presente. Era uma loucura e não conseguia entender por que eles gostavam tanto de mim se eu não tinha feito nada demais. Me perguntava: será que eu mereço tudo isso?

Teve um dia no Japão que comecei a ganhar muitos chocolates das mulheres. Da repórter, da mulher do hotel. E achei bem estranho. Até pensei: será que estou mais bonito hoje? Rsrs

E então meu empresário na época me explicou que aquele era o Dia do Amor no Japão, e nele as mulheres davam chocolates para os homens como uma forma de carinho. No fim do dia, minha cama estava cheia de doce. Liguei pra minha mãe e contei, e ela:

— Pelo amor de Deus, não coma nada. Pode estar envenenado.

Eu não comi mesmo, dei tudo para minha afilhada. Ainda bem que não estavam envenenados… Hahah!

O MELHOR MOMENTO DA MINHA VIDA

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Toda vitória é gratificante. Ela apaga a dor do cansaço, o mal-estar, as lesões. E toda vitória fez eu dar mais um passo para chegar no meu grande sonho. 

Mas, se for apontar só uma luta minha no Pride, eu apontaria a com o Ricardo Arona, que me deu o título mundial e também marcou a vingança do meu amigo Wanderlei Silva. 

Naquele dia, lutei a semifinal com o Alistair Overeem e o Arona lutou a outra semi com o Wanderlei. Assisti a essa luta no camarim, aquecendo, e quando o Wanderlei perdeu fiquei muito triste. A gente sempre foi muito próximo, tenho um carinho enorme por ele. 

Venci o Overeem bem, nocauteei no primeiro round. E foquei já na luta com o Arona. Nossa equipe tinha muita rivalidade com a dele, que era a BTT. Quando a gente chegou no ringue e começou o hino nacional, o Paulão, que era corner do Arona, fez um sinal para mim de 2, querendo dizer que seriam duas vitórias dele na mesma noite.

Aquilo me subiu o sangue. E ele continuou me instigando. Guardei aquilo e usei na luta. E nocauteei o Arona. Depois fui falar com ele: 

— E agora, cadê os 2 lá?

Aí deu uma confusãozinha ali, mas acho que ele me desrespeitou muito, sem que em nenhum momento eu tivesse desrespeitado eles. O negócio estava muito à flor da pele, a tensão das equipes. Era muita coisa em jogo, e graças a Deus consegui representar meu time.

Recebi o cinturão, mas a ficha demorou a cair. Nesse Pride eram 16 caras, os 16 mais bem ranqueados do mundo. Entrei como 16º, não tinha muita bagagem. Era a zebra. E fui vencendo um por um. 

Esse GP foi considerado o mais top de todos. Geralmente eram oito atletas por GP, e três lutas para ser campeão. Nesse, com 16, foram quatro lutas. E a semifinal e a final eram no mesmo dia. Duas lutas na mesma noite! Isso é psicologicamente desgastante. Mas valeu tudo. Foi um momento e tanto.

ESTOU VIVO

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Quando eu ainda estava no Pride, surgiram rumores de que o evento tinha ligação com a Máfia. E ele começou a decair. A gente passou a ouvir que o Pride seria vendido e fiquei preocupado.

O Nobuyuki Sakakibara, que era o presidente, chegou a dizer que o Pride era como um filho, e ele jamais venderia um filho. Fiquei aliviado. Mas uns dois meses depois, ele vendeu mesmo o evento. 

O UFC comprou o Pride e eu não sabia como agiria. Para meu empresário na época, aquilo era um outro mundo. Mas, depois de alguns meses, fui para Las Vegas e sentei com o Lorenzo Fertitta e o Dana White, os donos do UFC. Eles me explicaram que o meu contrato era exatamente o mesmo, que ele só migraria para o novo evento.

No começo no UFC, me senti um pouco fora de casa. O ringue que eu lutava no Pride é um quadrado de 6m x 6m. No UFC é um octógono de 9,20m x 9,20m. É um espaço muito maior e muito mais aberto. 

No ringue, os ângulos são de 90 graus, então é muito mais fácil você encurralar o adversário. Agora, no octógono não tem como você encurralar ninguém, porque o cara foge demais. Eu realmente senti muito isso, senti muito a estrutura do evento.

Quando eu entrei no UFC, o Dana White falou que, se eu vencesse a primeira luta, já ia lutar pelo cinturão, porque cheguei valorizado pelo meu retrospecto no Pride.

Peguei o Forrest Griffin, um cara superduro. Sabia que ele era bom e estava com muita pressão do evento novo, mas aquilo não era desculpa. Ele foi melhor do que eu. Cansei muito na luta, me desgastei muito, senti a diferença do espaço, caminhei demais… E perdi a luta.

Mas, em todas as minhas derrotas, eu cresci e, felizmente, voltei melhor depois. Vi essa derrota para o Forrest como uma lição. Levei como aprendizado. Eu consegui corrigir alguns erros, encaixar algumas coisas. 

Também fiz um octógono na minha academia, de tamanho oficial, e passei a treinar todos os dias no espaço real. E então comecei a me sentir mais em casa no UFC. E a partir dali mudou a minha história no evento.

AMOR SEM FIM

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No dia em que sentei pela primeira vez com o pessoal do UFC para negociar, minha esposa, a Renata, me deu a notícia de que estava grávida da Duda, nossa primeira filha. 

A gente se conheceu no Orkut. Eu vi a Renata lá e achei ela maravilhosa. Fui atrás dela, mas ela não me dava bola. E eu pensei: Caraca, tanta pessoa me dando bola, homem, mulher, e ela nada. Tinha um e-mail no perfil dela e eu deduzi que era o Messenger. Tentava falar com ela lá, e ela continuava não me dando bola. 

Um dia mandei webcam direto para ela. Diz ela que, quando me viu, me achou bonito — e só daí ela começou a conversar hahaha. Estamos casados há 14 anos e temos duas filhas.

Essa eu não poderia deixar de adicionar na minha playlist :-)

EU (NÃO) POSSO ESPERAR PARA SEMPRE

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Fiz no UFC duas lutas com o Lyoto Machida. A primeira, em 2009, eu perdi. E então teve a revanche, em 2010, pelo cinturão, quando o Lyoto era o campeão dos meio-pesados.

A gente foi para a coletiva de imprensa, em Los Angeles, dois meses antes da luta, de business class, exatamente um do lado do outro. Quando vi, pensei: Não, não pode ser, cara. Não entendi por que tinham feito aquilo.

O Lyoto é um cara amigo meu, mas na época não tinha intimidade. Falei pra ele: 

— Estranho, né, colocarem você junto comigo. Será que eles querem que a gente fique amiguinhos?

Conversamos pouco, jantamos e dormimos. Fizemos uma coletiva bem legal, super-respeitosos um com o outro. Voltei para o Brasil e comecei o meu treinamento. Foi o camp mais problemático da minha vida. Tudo de pior que poderia acontecer realmente aconteceu. 

Mauricio Shogun The Players Tribune
Pedro Bodick

No começo do camp, tive apendicite e fui para a emergência do hospital. Tive que fazer uma cirurgia grave porque já estava em um grau avançado. O médico me mandou ficar um mês parado, sem fazer nada, nem caminhada.

Entrei no hospital na quinta e, no domingo, quando acordei depois da cirurgia, meus empresários disseram que tinham decidido cancelar a luta. Eu falei que não, que eu ia lutar — e convenci todo mundo.

Fiquei um mês parado, sem fazer nada, e comecei a treinar um mês antes da luta. Nessa, machuquei o joelho direito, rompi parcialmente o ligamento posterior. Fui ao hospital e o médico falou pra eu esquecer a luta. Eu falei:

— Doutor, valeu, mas eu não vou cancelar. Não tem como.

E continuei treinando. Na quinta-feira, dois dias antes da luta, estava perdendo peso para a pesagem e, quando dei um chute, meu joelho doeu muito. Caí no chão da academia com dor. Começaram a circular as notícias de que eu estava machucado e não lutaria, mas eu insisti.

Lutei com o Lyoto — e nocauteei o Lyoto. Só que, um minuto antes do nocaute, rompi o ligamento do outro joelho, durante a luta. Então, eu lutei sem ligamento algum. 

Peguei o cinturão de campeão mundial sem parar em pé. Quando o coloquei, não conseguia nem mais andar.

Foi difícil, mas eu não podia esperar para fazer a luta depois. Era o título mundial. É o ápice de qualquer atleta — e eu sabia que poderia perder a oportunidade. Se eu operasse o joelho, ficaria um ano parado. E não voltaria para a disputa.

Aquele era o meu momento, apesar de tudo o que deu errado. E eu conseguia visualizar a vitória. Tinha uma intuição. Estava muito confiante. 

EM CASA

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Em 2011, o UFC anunciou que, depois de muitos anos, voltaria para o Brasil. Já havia aqui muitos fãs de MMA, mas aqueles hardcore, que acompanhavam os eventos de madrugada. A RedeTV! percebeu o movimento e comprou os direitos do UFC, que eram transmitidos na TV aberta. 

E, em agosto de 2011, o primeiro UFC Rio programou um card fenomenal. Colocou eu, o Anderson Silva e o Minotauro como as lutas principais. Lotou o estádio. Era a minha revanche contra o Forrest Griffin. E eu venci.

O UFC Rio é um divisor de águas. Tem o MMA no Brasil antes desse evento e o MMA depois. Foi impressionante. Quando eu cheguei no aeroporto, depois da luta, não conseguia andar mais. E dali em diante foi uma loucura sempre.

Mudou drasticamente tudo: o carinho dos fãs, o assédio, o patrocínio, o apoio. Começaram a nos olhar com outros olhos, como pessoas batalhadoras. Viram que a luta é um trabalho. E que as pessoas que estão ali têm coração, têm sentimentos. 

ABENÇOADO

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As pessoas se surpreendem quando me conhecem, porque esperam um cara bravo, nervoso — e eu sou tranquilo. Amo a minha família, sou apegado às minhas filhas, à minha esposa. 

Minha personalidade é calma, nunca quis mudar para fazer marra ou para amedrontar ninguém, pelo contrário. Sempre pensei que, quando o cara fala demais, ele entra com uma carga a mais, vai ter de provar aquilo que ele falou.

Conquistei tudo o que eu quis na luta. Uma condição financeira boa, várias lições, fui campeão do Pride, campeão do UFC, virei Hall da Fama. Hoje, orgulhar a minha família é uma motivação para mim.

Tenho certeza que Deus me ama muito. Deus olha para baixo e diz: “Putz, esse cara eu vou abençoar”. E sei que eu sou um desses caras. 

HORA DE DIZER ADEUS

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Meu objetivo hoje é fazer mais duas lutas e parar. É uma coisa que está certa já. As pessoas até acham que é brincadeira, porque quando eu casei com a Renata, minha mãe me pediu para parar de lutar. E eu disse que ia fazer mais duas lutas só — e fiz 24. Rsrs

Mas agora é um desejo meu, é sério. Foi uma decisão muito pessoal. É uma coisa que ninguém pode falar para você, tem que vir de você mesmo, sabe? E eu me vejo parando. 

Tenho os meus business, já mexo com outras coisas, como o meu instituto, que já tem quatro anos. Com certeza, quando eu me aposentar, vou ter um trabalho, uma ocupação. Mas isso não me desgasta ainda, não me preocupa. Vou ter meu tempo para decidir o que eu vou fazer. Sei que em casa eu não vou ficar, não. Vou fazer esporte por saúde e fazer alguma coisa que me alimente, que me preencha. 

Mas, enquanto eu estiver lutando e treinando, nada tira meu foco. Por isso, meu foco hoje é lutar e treinar. 

Mas eu sei que está acabando. 

Acabei de fazer 40 anos, e isso me pegou um pouco. Quando eu tinha 15 anos e via um cara de 35, pensava que era um coroa. E hoje estou com 40 e tenho que me consolar: não, não estou velho, estou bem.

Me considero um cara novo ainda diante da vida. Perante meu esporte, não, porque comecei muito cedo. Mas me considero muito saudável e acho que estou bem nessa idade que tenho.

Se o Shogun de 40 anos fosse dar um conselho para o de 20, ele diria: 

“Continue firme e forte. Você vai ter muitas adversidades, muitas lesões, mas não desista. Encare o medo, não deixe de fazer as coisas. 

Bota o fone de ouvido, aumenta o volume… E vambora!”

Autografo Mauricio Shogun Rua

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