
PHILLY
Era para eu estar aqui.
É engraçado como a mesma coisa que pode fazer com que você não seja uma boa opção para um time, pode fazer com que você seja a opção perfeita para outro.
Quando fui negociado com os Eagles, a reação da imprensa foi meio louca porque eu, com certeza, era um dos melhores jogadores da defesa do Detroit Lions na época. Eu estava jogando em altíssimo nível. Mas, pra ser honesto, eu e o treinador nem sempre concordamos sobre o tipo de líder que eu sou. Ele tinha uma visão diferente. Acho que é uma coisa geracional. Alguns treinadores querem que os líderes do time fiquem inspecionando o humor de todos os companheiros no vestiários, como um Lawrence Taylor ou um Ray Lewis. Os técnicos proferem discursos o dia todo sobre como os jogadores da velha guarda fizeram isso, disseram aquilo, e agora estão no Hall da Fama, blá, blá, blá… OK, legal. Mas as pessoas nem sempre precisam liderar dessa maneira. Não posso fingir. Só posso ser o Slay. Então, nunca concordamos sobre isso, e acabei sendo negociado. Enfim, só mais um negócio.
Mas eu vim para Philly com a mesma mentalidade: Eu vou ser Slay não importa o que aconteça. E esse time não pensou duas vezes em me aceitar como eu sou, cara.
No verão passado, quando a pré-temporada começou, tivemos que escolher o capitão. Eu realmente não sabia como seria, mas algo eu nunca tinha sido capitão. Nem no ensino médio. Nem no futebol americano universitário. Nem na Mississippi State. Então, todos nós entramos na sala e votamos, e o treinador iria fazer o anúncio no dia seguinte. Vou pra casa depois do treino e estou relaxando. Logo em seguida, eu recebo uma mensagem. É do treinador. Eu leio e fico tipo: Droga!
“Parabéns, cara, você é um dos capitães.”
O treinador e todos sabiam o quão grande isso era para mim. Eles sabiam o quanto eu me doava em campo. Meus companheiros de equipe serão os primeiros a te dizer: “Slay pode brincar muito, mas quando Slay está competindo?? Ele é focado. Ele sabe o que tem de fazer e está disposto a sacrificar tudo para vencer”.
É isso que torna esse time fantástico. Não estamos apontando dedos — esse não é um grupo eu-eu-eu. Ninguém quer ser protagonista do time. Uma banda, um ritmo, tá ligado?
Desde a nossa primeira intertemporada tem sido assim. Sabíamos naquela época que provavelmente seríamos muito bons. Não foi como uma coisa de meio de temporada como “Mano, não é que a gente manda bem?”. Nah, nah, nah. Todos nós meio que sentimos esse potencial durante as OTAs. Depois que contratamos AJ, tudo começou a se encaixar.
Todos nós do time estávamos basicamente ajudando uns aos outros a treinar. AJ me ajudava com as coberturas, eu ajudava o AJ na recomposição. Era uma coisa de família, sabe? Nós estávamos apenas olhando um para o outro, tipo: “Cara, isso aqui pode dar bom… Muito bom!” Fletcher comparou isso com sua ex-equipe que chegou ao Super Bowl. Ele disse: “Esse é o sentimento, companheiros”.
Você começa a pensar: Ok, aquele time se classificou com 11 vitórias… Esse aqui, então…
- Darius Slay
Não gosto de comparar equipes, mas você entende o sentimento de um time. O meu de 2014, em Detroit, quando nos classificamos com 11 vitórias, tinha muito talento. Tínhamos uma boa mescla. Ndamukong Suh, Nick Fairley, Ziggy Ansah, eu, Calvin Johnson, Glover Quin, DeAndre Levy, Tulloch. Tinha caras grandes ao meu redor, que já estavam no topo do esporte e que jogavam uns pelos outros. Então eu cheguei aos Eagles, e nós temos jogadores do mesmo calibre. Temos Fletcher Cox, Javon Hargrave, Sweat, Reddick, eu no corner, BG, Kyzir, TJ, James Bradberry…
Você começa a pensar: OK, aquele time se classificou com 11 vitórias… Esse aqui, então…
Uma dos grandes méritos do nosso treinador é que ele faz com que a gente se sinta como uma família. Lembro que, na primeira semana, ele colocou uma cesta de basquete. E a gente brinca de arremessar dia sim, dia não. Ele gosta de vir trabalhar, ele ama nos treinar e estar perto de nós. Ah, e ele também sabe arremessar haha. O Coach era um arremessador. (Mas ele não consegue me superar.)
Mas, sendo sincero, o fato de que finalmente fui aceito pelo meu treinador, do jeito que eu sou, significa muito pra mim.
O Coach é de uma geração mais jovem. Ele é mais jovem do que muitos outros treinadores que já eram consolidados na época em que eu ainda era um garoto. Ele tem uma personalidade um pouco mais divertida. Ele gosta que a gente venha trabalhar sorrindo todos os dias. Eu adoro nosso treinador porque ele prega a mesma coisa sobre organização de equipe e essas coisas, assim como Caldwell costumava fazer. E Caldwell foi uma grande figura paterna para muitos caras naquele vestiário em Detroit. Sirianni era o coordenador ofensivo, e com Caldwell sendo o treinador principal, você pode ver a influência. Você pode dizer que Sirianni vem dessa mesma árvore de treinadores.
Ele está sempre nos lembrando que esta é a nossa casa. Somos bem-vindos aqui a qualquer hora. Posso ligar para Conway a qualquer hora e falar com ele sobre qualquer coisa, e posso ligar para Sirianni, da mesma forma. Toda a equipe é assim. Toda uma estrutura voltada para a nossa família. E esse é o tipo de coisa que eu amo ter por perto. Eu digo ao meu grupo: “Sei que isso é um trabalho, mas poderíamos ser uma família se vocês quiserem. Não estou aqui para forçar ninguém a sair com ninguém, mas a oportunidade está aí, toda semana.”
Jalen Hurts é um líder desde o primeiro dia. Jalen e eu temos nos dado bem, cara. Desde que ele pisou aqui, eu sou um irmão mais velho pra ele.
Eu iria pra guerra com qualquer um desses caras, a qualquer momento.
- Darius Slay
O que o tornou o cara pra mim foi quando jogamos contra os Colts na Semana 11. Estávamos perdendo por 16–10, ou algo assim, e temos três minutos restantes no cronômetro. Na última descida, nosso ataque, sob o comando de Hurts, faz o touchdown da vitória.
Jalen tinha sido incrível em todos os outros jogos que jogamos, mas aquele momento só me mostrou a atitude que ele tem como QB. E acho que isso nos uniu como um time também. Porque muitos caras meio que entrariam lá de cabeça baixa sabendo que precisariam virar o jogo em apenas três minutos. Ali, pelo contrário, todo mundo meio que se uniu, se preparou, voltou e venceu.
Acho que todos que estavam à beira do campo testemunharam a grandeza daquele dia. Foi tipo: É, a gente pode ganhar qualquer jogo.
Cara, a energia no vestiário naquele dia... Ligamos YoungBoy no talo, e estávamos lá, pulando, cantando, enlouquecendo. E então, além disso, os Colts eram o antigo time do Coach, e eles tinham acabado de demitir seu mentor. É por isso que sinto que aquele jogo foi tão grande. Todo mundo queria fazer isso pelo Coach e por Jalen, com certeza.
Esse tipo de energia é o que me faz querer ir além por esses caras.
Hurts é um dos caras que você convida e, se ele puder vir, ele vai vir. (E aparecer com lagostins, sério!) Quando se trata de sua liderança, é uma loucura, por ele ser tão jovem. Não sei se isso teve muito a ver com ter sido treinador por Nick Saban ou algo assim, mas o fato é que ele lidera como um veterano. Em todos os mínimos detalhes. Como ele se concentra na preleção, como ele fala com a imprensa, como ele responde às perguntas… Eu olho pra ele, tipo: Caraca, como esse moleque faz isso?! Eu não sabia como falar com a imprensa até provavelmente o quarto ano como profissional. E ele aqui, usando frases rebuscadas e todo tipo de coisa!! “Mano, você tem um dicionário debaixo do braço??” Hahah.
Eu iria pra guerra com qualquer um desses caras, a qualquer momento.
Quando conheci JB, cara, ele era um cara legal e um ótimo jogador. Abrir mão de um cara como ele... Eu simplesmente não entendo isso. Porque ele era um dos melhores jogadores daquela defesa, na época. Ele deu aos caras uma temporada de Pro Bowl no ano anterior, e foi dispensado no ano seguinte. Então não fez sentido pra mim. Mas eu sempre digo a ele: “Pô, admito que estou feliz que veio pra cá, porque certamente terá outra temporada de Pro Bowl aqui também”.
TJ Edwards é piada. Ele tá jogando em um nível muito, muito alto. Sei que todo mundo fala sobre nossa pressão no passe, mas os dois linebackers no meio estão jogando muito bem. TJ é realmente o comandante da defesa. Ele nos dá as coordenadas, nos coloca na posição certa para fazer as jogadas. Você só o vê correndo, de uma linha lateral para a outra. E ele faz isso todo domingo, cara. O corpo dele leva uma surra, e ele vai lá todo domingo e corre na linha lateral, batendo na cara das pessoas. Estou falando de realmente bater nas pessoas. TJ correndo pela alma dos caras, mano.
Ele tem um futuro brilhante, com certeza. Ele e Kyzir. Lembro da intertemporada. Kyzir sempre voou e correu pra todo lado. Não sei como os Chargers deixaram Kyzir ir embora, porque, meu amigo, ele é o cão. Jogamos contra os Jets na pré-temporada e, cara, ele colocou o quarterback deles no bolso. Eu fiquei, tipo: Aí sim, Kyzir, aí sim!
Temos alguns cães de guarda, mano. Vocês já sabem.
E o mais bravo de todos? VOCÊ ESTÁ FALANDO COM ELE.
É engraçado, todo mundo estava exagerando nas comparações com Justin Jefferson em setembro, e eu realmente não entendi. Eu apenas olhei pra isso como uma disputa saudável no começo. Não me entenda mal, ele é um dos melhores recebedores da liga — de longe, um dos melhores. E ele tinha acabado de fazer um ótimo jogo contra os Packers. Mas a mídia estava agindo como se não existisse ninguém do outro lado, sabe? A semana inteira ficaram martelando: “Eles têm uma boa defesa lá, mas não sei se eles podem pará-lo”.
Eu estava ouvindo isso a semana toda. E eu estava pensando: vocês estão agindo como se eu não fosse um quatro vezes Pro Bowler, All-Pro corner… Foi tipo: beleza, vocês têm que parar de brincar com meu nome. Não é nenhuma ofensa ao Justin. Justin é um cara legal, tranquilo. Mas eu tinha que deixar isso claro... Eu também não estou para brincandeira!
Aos torcedores do Philadelphia Eagles, eu digo que temos de encarar um jogo de cada vez.
- Darius Slay
E sabe o que é engraçado? Meu filho tem 15 anos e adivinha quem é o receiver favorito dele? Adivinha de quem eu ouço falar o tempo todo em casa?
“Justin Jefferson.”
É lógico que eu fiquei provocando depois que amassei o CARA dele. Hahaaaa. Ele estava, tipo: “Que droga, pai, você amassou meu recebedor favorito”. Eu disse: “Foi pra você, garoto. Sim, estamos aqui pra isso!” Hahah.
Essa é o ponto sobre esse time. Todos nós já vivemos esse tipo de desconfiança em algum momento ou outro. Especialmente com Hurts — todo mundo achando que ele não estava pronto, pronto para os holofotes. Ele provou que todos estavam errados. Ele é um quarterback de elite.
Nunca entramos nessa temporada ou em qualquer temporada pensando que somos azarões. Não tememos nada. Então, eu estou pronto. E muito orgulhoso desse grupo — dessa família .
Aos torcedores do Philadelphia Eagles, eu digo que temos de encarar um jogo de cada vez. Eu sei como vocês são, então não atropelem as coisas. Só temos de nos preocupar com o próximo, e o próximo, e o próximo.
Nos vemos neste fim de semana.
Todos sabem como nós chegamos até aqui.